quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Serviço Florestal produz sistema digital para identificação de madeiras

Sistema requer instrumentos de baixo custo para aprimorar fiscalização de órgãos ambientais e manejo florestal

A partir de abril, agentes de órgãos ambientais e produtores florestais terão uma ferramenta que pode aprimorar a fiscalização do transporte de madeira e os planos de manejos das indústrias madeireiras. O Laboratório de Pesquisa Florestal, do Serviço Florestal Brasileiro, elaborou um sistema digital para facilitar a identificação das espécies de madeira comercializadas no Brasil.

O sistema Madeiras Comerciais do Brasil catalogou 59 caracteres gerais e macroscópicos (cheiro, cor, anéis de crescimento, porosidade...) de 160 espécies de madeiras comercializadas no país. Esses caracteres podem ser identificados a olho nu ou com o auxílio de instrumentos simples e de baixo custo. Depois de identificada, é possível descobrir se a espécie está ameaçada de extinção, se pode ser comercializada no Brasil e no exterior, onde pode ser encontrada no país, entre outras informações.

Durante o mês de fevereiro, o sistema será testado por 40 pessoas de órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e a Polícia Federal, e institutos de pesquisa. Depois desse período, ele será finalizado e distribuído em CD-ROM e, a partir do segundo semestre de 2010, o sistema estará disponível na internet.

"Procuramos desenvolver um sistema fácil de usar e funcional. Por isso, optamos por caracteres macroscópicos, que não necessitam de laboratórios com equipamentos sofisticados para serem reconhecidos.", explica a Dra. Vera Coradin, bióloga do LPF. Após um treinamento que pode ser oferecido pelo LPF ou por outros institutos de pesquisas, o usuário do sistema precisará apenas de um canivete e uma lupa conta-fios (que custa em torno de R$ 20,00) para conseguir identificar as espécies de madeiras. "O sistema será de grande utilidade para estudantes, professores, empresas madeireiras, órgãos de fiscalização e interessados em geral", avalia Vera, que coordenou a elaboração do sistema junto com os pesquisadores do LPF José Arlete Camargo, Tereza Cristina Pastore e Alexandre Christo (consultor).

Todos os dados das espécies catalogadas no sistema foram obtidos pelos pesquisadores do LPF a partir da coleção de madeiras (xiloteca) do órgão. "A confiabilidade das informações encontradas é outro aspecto importante desse sistema", completa Vera.

Fiscalização mais rápida
Um dos principais beneficiários do sistema "Madeiras Comerciais do Brasil" deve ser a Polícia Federal e o Ibama, que agilizará a elaboração dos laudos necessários para resolver crimes ambientais. Os policiais e fiscais do Ibama têm recebido treinamento do LPF para identificação de madeiras. Com o sistema, poderão identificar mais facilmente, por exemplo, se uma espécie de madeira usada na construção de móveis está ameaçada de extinção.

"Além de agilizar o trabalho da perícia, esse sistema dará mais confiabilidade para os nossos laudos, pois os dados são de um laboratório que referência na área de identificação de madeira. Atualmente, não temos um padrão para comparar as espécies de madeira, então esse banco de dados deve suprir essa falta". explica Marcelo Garcia, perito da Polícia Federal que testarão o programa do LPF em uma perécia que envolve a identificação de 40 espécies de madeira.

O sistema também será especialmente útil na fiscalização do transporte de madeira ilegal, já que uma fraude comum é declarar o nome de uma espécie na nota e transportar outra.

Manejo mais eficaz
As indústrias florestais também se beneficiarão com o programa, que facilitará o trabalho dos técnicos responsáveis pelo manejo florestal, mesmo quando estiverem em campo.


Eles poderão identificar rapidamente se uma espécie encontrada está em extinção ou se está entre as mais comercializadas, pois o sistema pode ser instalado em um computador portátil sem acesso à internet. Os nomes populares também podem ser usados para auxiliar no reconhecimento das espécies.

"A identificação correta da espécie de madeira no plano de manejo é primordial para garantir a legalidade de todo o trabalho da empresa que vende a madeira e das empresas que compram", ressalta Vera Coradin.

Expansão
Das 160 espécies de madeiras catalogadas, 60 estão na listas das 100 mais comercializadas no Brasil. A pretensão do LPF para 2011 é acrescentar mais 90 espécies no sistema.

O Sistema Madeiras Comerciais do Brasil foi elaborado com base no software Delta para catalogar organismos vivos desenvolvido pelos pesquisadores australianos Mike Dallwitz, Tone Paine e Eric Zurcher.


Serviço Florestal Brasileiro

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